Deputada Erika Hilton é alvo de representação no MPF e no Conselho de Ética por suposto uso indevido de assessores
Deputada nega as acusações e afirma que atuação dos assessores vai além da maquiagem

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) foi alvo de uma representação protocolada nesta terça-feira (24) pela oposição na Câmara dos Deputados. O documento, encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), solicita a abertura de investigação contra a parlamentar por possível improbidade administrativa.
A denúncia partiu do deputado Sanderson (PL-RS), líder da oposição, e aponta que Erika teria nomeado dois assessores para cargos comissionados em seu gabinete, mas que ambos atuariam principalmente como maquiadores pessoais da deputada, em desacordo com as atribuições legais do cargo.
De acordo com informações retiradas do Portal da Transparência da Câmara, um dos assessores recebe R$ 9.678,22 mensais, enquanto o outro tem salário de R$ 2.100. A polêmica ganhou repercussão após uma reportagem do site Metrópoles divulgar a atuação dos dois profissionais como responsáveis pela produção visual da parlamentar em compromissos públicos.
Na petição, os parlamentares afirmam que os registros em redes sociais e a presença dos assessores em eventos reforçam o uso de recursos públicos para fins de natureza pessoal. O texto ainda cita que a prática desrespeita princípios constitucionais como legalidade, impessoalidade e moralidade.
Além do MPF, o caso também foi levado ao Conselho de Ética da Câmara, onde a deputada é acusada de quebra de decoro parlamentar. Para os autores da representação, a nomeação dos assessores com essa finalidade representa um desvio de finalidade e fere a confiança do cidadão na gestão dos recursos públicos.
O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), um dos signatários do pedido, também usou as redes sociais para criticar a atuação da deputada, relembrando episódios anteriores envolvendo repasses a uma ONG ligada a Erika. “Já pedi a cassação por improbidade. Se fosse um deputado de direita, teria que prestar contas no mesmo dia”, publicou.
Kim Kataguiri (União-SP) seguiu na mesma linha e destacou que o episódio demonstra incoerência entre o discurso político da deputada e sua conduta prática. “Contratou maquiadores como assessores. O discurso é pelo povo, mas na prática, o gasto é com vaidade”, escreveu.
Deputada nega irregularidades e diz ser alvo de perseguição
Em resposta às acusações, Erika Hilton negou que os assessores tenham sido contratados exclusivamente para maquiagem. A parlamentar afirmou que ambos são secretários parlamentares e desempenham funções regulares, como acompanhamento em comissões, elaboração de relatórios e articulação de agendas.
“Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito publicamente por isso. Mas se não fizessem, seguiriam como meus assessores, pois seu trabalho vai muito além disso”, declarou. Erika ainda ressaltou que conheceu os profissionais como maquiadores, mas que os convidou para a equipe após identificar outras habilidades.
A deputada classificou a denúncia como parte de uma estratégia de perseguição e retaliação por sua atuação no Congresso. “A rapidez com que essa mentira foi amplificada só comprova a tentativa de descredibilizar meu mandato e o que represento”, afirmou.
Ela também mencionou que a repercussão estaria ligada à sua proposta de emenda constitucional que propõe o fim da jornada de trabalho 6x1, o que teria incomodado setores mais conservadores da Casa.
O caso agora deve ser analisado pelo Ministério Público Federal e pelo Conselho de Ética, que decidirão se há elementos suficientes para abertura de investigação ou processo disciplinar.
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